Política

Lula e o Banco do Sul

Lula e o Banco do Sul

 

 

Ives Gandra da Silva Martins*

 

 

Vejo, com enorme preocupação, a partir das notícias dos jornais, a criação do Banco do Sul, idealizado por Chavez, Morales e Kirchner e ao qual, pediram eles, posteriormente, a adesão do Brasil.

 

Segundo os jornais, possivelmente o BNDES colocará entre 300 a 500 milhões de dólares para criar o Fundo de um Banco, que será destinado a financiar outros países que não o Brasil, o que vale dizer, retiraremos dinheiro importante e necessário ao desenvolvimento brasileiro para aplicar em instituição de duvidosa seriedade, em face dos não confiáveis parceiros que a estão fundando.

 

Para verificar a pouca confiabilidade de nossos parceiros, basta examinar a figura patética deste desequilibrado acólito de Chavez, que é Morales, o qual tem uma palavra tão honrada quanto a de qualquer meliante, pois rompe-a com a mesma facilidade com que as nuvens mudam de forma. Os sucessivos gestos de gatunagem praticados em relação a Petrobrás e outros investidores brasileiros sinalizam de que tê-lo como sócio, num Banco Regional, é ter a certeza de que poderá aplicar os golpes costumeiros na instituição de que participará.

 

De rigor, vejo, na luta do Presidente Lula em manter a unidade do Mercosul, um grande idealismo, mas também uma grande ingenuidade, na medida em que os nossos vizinhos, desde a Rodada do Uruguai, no início da década de 60, quando se constituiu a ALALC, pretenderam sempre levar vantagem em tudo, não havendo sinais de que tenham mudado de postura. Oferecem pouco e pedem muito, razão pela qual, há quase 50 anos, os nossos acordos tarifários, tributários ou comerciais progridem pouco.

 

E desde que Chavez – com sua monoidéia de derrotar os Estados Unidos e criar um socialismo que o transforme no Deus Vivo da história e do tempo – assumiu uma plataforma política para tratar de assuntos econômicos, o Brasil só tem sido atingido pela fantástica onda de violação a seus direitos, a sua propriedade, além de sofrermos intromissões indevidas sobre o que deveríamos ou não fazer com nossa economia e a nossa política internacional.

 

Ora, acatar, na feliz expressão do conselheiro da Presidência, Marco Aurélio Garcia, o “prato feito” para aderirmos ao Banco Sul é, na melhor das hipóteses, capítular por inteiro ao domínio dos histriônicos tiranetes da Venezuela e Bolívia e ao esperto manipulador dos acontecimentos da Argentina, que vêem o Brasil, não como um aliado econômico, mas como um trampolim para suas idéias de domínio continental.

 

Estou convencido de que se o Brasil dissesse não ao Banco do Sul e cuidasse de aplicar os recursos disponíveis exclusivamente na implantação do PAC, para os brasileiros, estaria, à evidência, dando melhor destinação aos recursos dos contribuintes deste País.

 

Mais do que isto: demonstraria que não mais se curva às agressões verbais, intromissões indevidas e desmandos de conduta destes lideretes nacionais, que estão levando seus países à ciranda inflacionária, com risco de contaminarem parte do continente.

 

Em outras palavras, tributos dos brasileiros devem retornar aos brasileiros e não financiar os megalomaníacos aprendizes de ditador.

 

O tema merece reflexão.

 

 

 

* Professor Emérito das Universidade Mackenzie e UNIFMU e da Escola de Comando e Estado maior do Exército. Presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, da Academia Paulista de Letras e do Centro de Extensão Universitária – CEU. Site: http://www.gandramartins.adv.br

 

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Como citar e referenciar este artigo:
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Lula e o Banco do Sul. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/politica/lula-e-o-banco-do-sul/ Acesso em: 29 mar. 2024