Política

O Rodoanel

 

05 de abril de 2010

 

De pouco dormir e de muito ler jornais (citar Cervantes é ótimo!) posso dizer que já vi de tudo. As manchetes de jornais são um pináculo de observação do mundo, mesmo aquelas não escritas, criminosamente ocultadas da opinião pública objetivando benefícios políticos. A pior censura, caro leitor, não foi aquela imposta pelos censores do autoritarismo; é a voluntária, a demente, a covarde, a criminosa que os soldados da revolução gramisciana, em cada um dos órgãos de imprensa, têm nos imposto por décadas a fio. Sem ela, o PT não teria sido viável. O PT é filho direto da mentira jornalística.

 

Poucas notícias me causaram tanto contentamento quanto a que os jornais paulistas estamparam no dia de hoje, com direito a fotos grandes: a considerável melhora do trânsito da cidade por força da inauguração do trecho sul do Rodoanel. O benefício coletivo que essa obra trouxe, não apenas para os residentes em São Paulo, é imenso. A redução dos custos de transporte é óbvia. A racionalização do fluxo de veículo foi instantânea.

 

A pergunta que não quer calar: por que demorou tanto? Eu lhe digo, caro leitor. Demorou porque governantes caolhos acharam que mais faziam bem para si mesmos (em matéria eleitoral) e para os cidadãos gastando os recursos escassos do setor público com desvios “sociais”. Há algo mais social do que melhorar a fluidez do tráfego na cidade? Não, claro, mas os governantes preferiram mil vezes outro tipo de gasto, que óbvias intenções eleitoreiras.

 

Com a mesma ansiedade aguardo a notícia da inauguração da Linha Amarela do metrô. A estação Faria Lima será um enorme benefício, desatando o nó do tráfego entre a Avenida Rebouças e a Avenida Paulista. Por que demorou tanto? Há gasto mais “social” do que esse? Não, mas sucessivos governos preferiram adiar o que era inadiável.

 

A burocracia governante enxerga o fluxo de veículos como os caçadores primitivos viam os rebanhos de herbívoros: alvo de suas caçadas. A ordem é faturar em cima do motorista indefeso, engordado os cofres públicos, em uma forma assaz injusta de tributação. Multas abusivas têm roubado a população motorizada de forma indiscriminada. Sem alternativa de transporte coletivo decente só resta ao paulistano suportar o achaque de forma impassível, como um bisão suportava a matança nas pradarias.

 

Com o Rodoanel e as novas estações do metrô a vida paulistana apresentará uma melhora considerável. É nessas obras que podemos ver o que de fato compete ao setor público: planejar o bem comum, racionalizar o uso do espaço público, prover bens que dê efetivas externalidades positivas para os moradores da cidade (e para os que nela transitam). E nem precisa executar diretamente os serviços, boa parte deles passível de terceirização. Esse é o papel legítimo do Estado.

 

São Paulo entra em uma nova fase, de superação de suas deficiências estruturais. Espero que assim os trechos faltantes do Rodoanel ganhem celeridade e que a malha do metrô seja completada o mais rápido possível. 

 

 

* José Nivaldo Cordeiro, Executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.

Como citar e referenciar este artigo:
CORDEIRO, José Nivaldo. O Rodoanel. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/politica/o-rodoanel/ Acesso em: 19 abr. 2024