Política

O Socialismo na França

O Socialismo na França

 

 

 

Ricardo Bergamini*

 

 

“Jamais escolham os seus amigos e/ou aliados por sua coloração ideológica, mas somente pelos seus princípios de ética, moral e dignidade”. (Ricardo Bergamini).

 

 

“Graco” Babeuf, durante a Revolução Francesa, pregou uma “Sociedade de Iguais” (comunismo igualitário). É considerado o primeiro comunista moderno. Chefiou a fracassada revolta de setembro de 1796: foi guilhotinado no ano seguinte.

 

O conde Claude Henri Saint-Simon (1760-1825), aristocrata francês, lutou como voluntário na guerra da Independência norte-americana. Enaltecia a ciência e a indústria. Achava que todos os homens deviam trabalhar, mas que era preciso explorar racionalmente as riquezas da terra. As tarefas seriam solicitadas “de cada qual segundo a sua capacidade”; e as recompensas seriam distribuídas “a cada qual segundo os seus méritos”, isto é, segundo as realizações em prol da comunidade. As heranças ficariam abolidas; o Estado deveria ser o herdeiro universal de todas as propriedades (socialismo industrialista).

 

Os discípulos de Saint-Simon construíram estradas de ferro, organizaram bancos e indústrias, e inspiraram a abertura do Canal de Suez.

 

Charles Maria Fourier (1772-1837) denunciou o esbanjamento e a miséria inerentes ao sistema industrial baseado na livre concorrência. Desejava substituí-lo por uma organização social cooperativista, baseada na razão pura. Idealizou um mundo harmonioso, em que a unidade fundamental da sociedade seria a “falange”. Pequena comunidade de 1.620 membros (ou até uns 1.800), que trabalhariam associados – cada um de acordo com a sua vocação – cultivariam uns 5.000 acres de terra e morariam em habitações coletivas (os falanstérios). Muitas colônias falansterianas foram criadas na Europa e nos Estados Unidos. Neste país estiveram as mais famosas: Brook Farm (perto de Boston), que durou de 1841 a 1847, Red Bank (em New Jersey) e Oneida Community. Mas todas as comunidades fourieristas acabaram num absoluto fracasso.

 

Em 1836, refugiados alemães – inspirados nas idéias comunistas de Babeuf – fundaram em Paris uma associação secreta, a Liga dos Justos, cuja divisa era “Todos os homens são irmãos”. Esta organização revolucionária – propagandista e conspiradora ao mesmo tempo – deu origem a uma Liga internacional de comunistas.

 

Pierre Joseph Proudhon (1809-1865), é, em parte, o precursor do movimento anarquista. Para certos autores, Proudhon foi o primeiro homem que fez do anarquismo um movimento de massas, precursor do sindicalismo francês.

 

No seu livro “Que é a propriedade?”, Proudhon expôs a famosa tese: “a propriedade é um roubo”. Referia-se, porém à grande propriedade (do comerciante, do latifundiário, do industrial), obtida sem trabalhar, ou sem trabalho proporcional. Na realidade era partidário da propriedade privada: defendia a pequena propriedade dos camponeses e artesãos. E acreditava que, suprimindo o monopólio dos recursos da terra, e eliminado os intermediários (na troca dos produtos), obter-se-ia a justiça econômica e social. Proudhon era, sobretudo, partidário da destruição do Estado.

 

 

Socialismo de Estado

 

É outra forma socialista, na luta contra a sociedade existente, especialmente contra o laissez faire. Entre os socialistas de Estado destacaram-se: Blanc, Lassalle e Rodbertus.

 

O francês Louis Blanc (1811-1882), autor de “A organização do trabalho”, é considerado o fundador do socialismo de Estado. Blanc defendia o direito ao trabalho, a igualdade dos salários e a encampação das indústrias pelo Estado. Idealizou as “oficinas nacionais”, subvencionadas pelo Estado, que dariam emprego e prosperidade a todos. A experiência foi realizada em 1848, logo após a queda de Luís Filipe (Revolução de Fevereiro). Mas, sabotadas pelo próprio governo (os operários foram empregados em serviços de terraplanagem absolutamente inúteis) – as “oficinas nacionais” fracassaram em poucos meses. Nesse mesmo ano, 1848, Marx e Engels publicavam o “Manifesto Comunista”.

 

Ferdinand Lassalle (1825-1864), judeu alemão, fundou e presidiu a “União Operária Geral da Alemanha”. Preconizava os métodos parlamentares pacíficos e esperava ajuda do Estado às organizações trabalhistas. Lassalle depositava todas as suas esperanças no sufrágio universal, o qual, na sua opinião, colocaria o Estado a serviço os socialistas.

 

O terratenente prussiano Rodbertus (1805-1875) rejeitava a luta de classes. Afirmava que o socialismo poderia ser realizado mediante a monarquia prussiana.

 

 

A Comuna de Paris

 

Em 1871, derrotada a França pela Prússia, caiu o Segundo Império (Napoleão III). A 18 de março estourou a revolução na capital francesa e surgiu a famosa “Comuna de Paris”, onde se agrupavam republicanos, socialistas, anarquistas e comunistas. A “Comuna de Paris”, influenciada pelas idéias da I Internacional (fundada por Marx, em 1864), é considerada o primeiro governo proletário do mundo. Durou apenas 72 dias. Sua repressão foi sangrenta: mais de 17.000 mortos.

 

 

* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul..  Site: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini

 

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Como citar e referenciar este artigo:
BERGAMINI, Ricardo. O Socialismo na França. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/politica/o-socialismo-na-franca/ Acesso em: 29 mar. 2024