Judiciário

As Mulheres no Judiciário Brasileiro

 

O Consultor Jurídico (www.conjur.com.br) publicou, em 08/07/2007, um artigo de VLADIMIR PASSOS DE FREITAS intitulado Evolução feminina – Falta estudo sobre atuação das mulheres no Judiciário, do qual transcrevo a Conclusão, para breve comentário:

 

O ingresso do elemento feminino na magistratura brasileira, a meu ver, não alterou o rumo do Poder Judiciário. Nem para melhor, nem para pior. Não me parece que a Justiça tenha se tornado mais virtuosa ou mais problemática. Apenas se deu uma oportunidade às mulheres de se realizarem profissionalmente, o que antes lhes era negado. E a tendência é que elas assumam, cada vez mais, posições de comando, já que o percentual de juízas aumenta a cada ano.

 

Data venia do entendimento do insigne colega, penso que o número cada vez maior de juízas no seio da magistratura tem alterado a realidade da instituição, contudo, sem os próprios membros masculinos da instituição perceberem a extensão e a profundidade da mudança.

 

As mulheres em geral, nesses milênios de vivência de situações adversas, aprenderam a ser sutis. Deixam-nos pensar que estamos mandando, quando, na verdade, manipulam-nos e acabam dando a última palavra nas questões que a elas interessam.

 

Elas, todavia, não são sempre sutis. Quando querem, assumem posições explícitas e defendem suas idéias arrostando qualquer oposição.

 

Há um tempo atrás assisti a uma sessão da Corte Superior do TJMG e vi a desembargadora MÁRCIA MILANEZ emitindo seus votos sem se preocupar se estaria agradando ou desagradando a quem quer que seja. Nessa mesma sessão foi votada uma proposta da desembargadora JANE SILVA, que, por sinal, nunca fez pesquisa para saber se alguém aprova ou desaprova suas excelentes idéias.

 

A verdade é que a psicologia feminina é muito diferente da masculina. As formas de pensar e agir de homens e mulheres têm pouca coisa em comum. Por via de conseqüência, nos julgamentos em que caiba qualquer dose de subjetividade (e são muitos esses casos) a diferença de entendimentos tende a ser muito grande.

 

Pessoalmente, quanto mais tento entender a psicologia feminina, mais concluo que nada sei do universo desses seres encantadores.

 

Minha esposa e minhas filhas são verdadeiras incógnitas para mim. Quem tem a felicidade de ter filhas está sempre às voltas com as sutilezas exigentes dessas incógnitas ambulantes que nos conquistam e se transformam em nossas comandantes…

 

Também discordo do colega, quando diz que, com a presena feminina no Judiciário, este não se tornou mais virtuoso ou mais problemático. Entendo que vai se tornando cada vez mais virtuoso no que diz respeito às virtudes femininas. O que for perdendo em termos de virtudes masculinas irá ganhando em termos de virtudes femininas. Afinal, Judiciário não tem de ter só virilidade, tem de ter também sensibilidade.

 

As mulheres são, geralmente, mais leais aos esposos do que os esposos são leais às suas esposas. Não consigo entender a lealdade na vida pessoal diferente da lealdade profissional. As virtudes são únicas tanto na vida privada quanto na vida profissional.

 

As mulheres estarão inserindo no Judiciário a virtude da lealdade, coisa que elas conhecem mais do que os homens.

 

O Judiciário é a média das virtudes e dos defeitos dos seus membros.

 

É preciso que os dois gêneros integrem a instituição, em igualdade, para que seja um Judiciário como deve ser.

 

Que as mulheres ingressem em massa no Judiciário para trazerem para seu seio as virtudes que elas conhecem e vivem no dia-a-dia de suas vidas dentro de casa e nas atividades profissionais.

 

 

* Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).

Como citar e referenciar este artigo:
MARQUES, Luiz Guilherme. As Mulheres no Judiciário Brasileiro. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2009. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/judiciario/as-mulheres-no-judiciario-brasileiro/ Acesso em: 29 mar. 2024