Judiciário

À procura de um Ralph Waldo Emerson brasileiro

(Luiz Guilherme Marques – Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora – MG)

 

            EDGAR LEE MASTERS (1868-1950) divide, de forma implícita, a História dos Estados Unidos em três períodos distintos: colônia britânica (até o final do século XVIII), país cheio de idealismo do século XIX e país imperialista e materialista do século XX.

 

            RALPH WALDO EMERSON viveu naquele país no século XIX e defendeu um idealismo sincero, que, infelizmente, não foi partilhado por muitos americanos, tanto que o país desencaminhou-se pelo materialismo e é hoje mundialmente reconhecido como uma verdadeira Roma sonhando dominar o mundo e submeter os demais países pela sua força econômica ou até pelo seu poderio militar.

 

            As nações que têm-se destacado no curso da História acabaram se tornando verdadeiros problemas para os demais países. Ao invés de colaborarem com eles, procuram explorá-los e até dominá-los totalmente, se possível.

 

            Os países repetem a psicologia egoísta dos seus cidadãos.

 

            O Direito Internacional Público consagra como regra de coerção a guerra, utilizada abundantemente pelos países uns contra os outros.

 

            A ONU tem poder limitado em face das nações mais poderosas, sendo um exemplo recente sua impotência face à decisão americana de invadir o Iraque…

 

            Substituindo o espírito imperialista da França, Alemanha, Rússia e Inglaterra do século XX, os Estados Unidos vem interferindo na quase totalidade dos países depois do final da II Guerra Mundial e neste início do século XXI.

 

            Quanto ao nosso país, podemos dizer que somos atualmente colônia americana depois de termos nos libertado de Portugal e, posteriormente, da Inglaterra.

 

            Nossa Economia é dominada por multinacionais estrangeiras, nossa  Política depende dessas empresas e nosso Direito se modifica, indiretamente, ao sabor do FMI e outras entidades financeiras estrangeiras.

 

            O pior nesse estado de coisas é o baixo nível de instrução do povo, o que facilita a manipulação da opinião pública pela Mídia submissa ao capital estrangeiro.

 

            Não há investimento decisivo na instrução do povo justamente porque interessa às classes dominantes sua inconsciência.

 

            O Judiciário é o único segmento do Serviço Público em condições de auxiliar desinteressadamente as populações, tal qual acontece em países como a Índia e outros países emergentes.

 

            Dentro do Judiciário mesmo há duas correntes: uma que entende pelo ativismo judiciário e outra que simplesmente se limita a uma atuação burocrática.

 

            Para bem cumprir essa missão, o Judiciário deve acreditar na força do Código de Defesa do Consumidor e dos Juizados Especiais, que são, no momento, as melhores armas da cidadania. Quanto à valorização das mulheres, a Lei Maria da Penha é o instrumento mais adequado.

 

            Não temos no momento nenhum EMERSON brasileiro, mas há milhares de excelentes cidadãos, que podem, somando esforços, libertar nosso país do marasmo mental de viver simplesmente em função do Dinheiro e do individualismo e valorizar mais a coletividade.

 

           

Como citar e referenciar este artigo:
MARQUES, Luiz Guilherme. À procura de um Ralph Waldo Emerson brasileiro. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/judiciario/a-procura-de-um-ralph-waldo-emerson-brasileiro/ Acesso em: 20 abr. 2024