Economia

Pesquisa Mensal de Comércio – Fonte IBGE – Base: Abril de 2010

 

 

Em abril, vendas do varejo caem 3,0%. Receita nominal sobe 0,3%

 

O comércio varejista registrou queda de 3,0% no volume de vendas e alta de 0,3% na receita nominal em abril, na comparação com o mês anterior. Enquanto a receita nominal se manteve estável, o volume de vendas assinala resultado negativo após um trimestre de crescimento. Já na comparação com abril de 2009, o volume de vendas cresceu 9,1%, e a receita nominal 13,2%. Nos acumulados dos quatro primeiros meses de 2010 e dos últimos 12 meses, foram verificados avanços de 11,8% e 8,2%, respectivamente, no volume de vendas. As variações da receita nominal, também positivas, ficaram em 15,0% e 11,5%, respectivamente.

 

 

O comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção, registrou quedas de 4,7% para o volume de vendas e de 2,7% para a receita nominal, ambas com ajuste sazonal, em relação a março. Na comparação com abril de 2009, as variações ficaram em 12,7% para o volume de vendas e de 16,2% para a receita nominal. No acumulado do quadrimestre e dos últimos 12 meses, o setor apresentou variações positivas de 14,9% e 10,7% para o volume e de 17,0% e 11,4% para a receita nominal, respectivamente.

 

Apenas duas atividades registram resultados positivos

 

Na relação abril/março com ajuste sazonal, apenas duas das 10 atividades pesquisadas registraram alta no volume de vendas: Outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,5%) e Tecidos, vestuário e calçados (2,2%). A atividade de Móveis e eletrodomésticos ficou estável (0,0%); enquanto Livros, jornais, revistas e papelaria (-0,2%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,7%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,9%), Material de construção (-0,9%), Combustíveis e lubrificantes (-2,0%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-10,5%) e Veículos e motos, partes e peças (–11,7%) registraram quedas.

 

Na comparação com abril de 2009, na série sem ajuste sazonal, todas as oito atividades do varejo obtiveram aumento no volume de vendas, listadas a seguir por ordem de contribuição para o resultado global do setor: Móveis e eletrodomésticos (22,7%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,6%); Tecidos, vestuário e calçados (16,7%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (14,8%), Combustíveis e lubrificantes (5,0%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (5,6%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (5,9%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (8,7%).

 

Os 22,7% de crescimento no volume de vendas em Móveis e eletrodomésticos representaram o maior impacto na formação da taxa do varejo (36%). Tal resultado pode ser atribuído às vendas relacionadas ao evento da Copa do Mundo, além da ampla oferta de crédito. Nos acumulados de janeiro a abril e dos últimos 12 meses, as variações foram de 21,8% e 9,1%, respectivamente.

 

Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com variação de 5,6%, teve a segunda maior contribuição (32%) para a taxa global. O acumulado do segmento no primeiro quadrimestre é positivo em 10,6%, e nos últimos 12 meses a alta ficou em 9,7%. Tal desempenho é fruto do aumento da massa real de salário efetiva (8,6% sobre abril de 2009, segundo a PME).

 

As vendas do segmento de Tecidos, vestuário e calçados, responsável pelo terceiro maior impacto na formação da taxa global (13,0%), cresceram 16,7% na comparação abril 2010 / abril 2009, registrando altas de 11,5% para os primeiros quatro meses do ano e de 2,3% no acumulado dos últimos 12 meses. O setor está em recuperação, registrando variações positivas desde outubro de 2009 mesmo com o comportamento desfavorável dos preços nos últimos 12 meses (variação de 6,3% no grupo Vestuário, acima do índice geral de 5,3% do IPCA).

 

A atividade de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria respondeu pela quarta maior participação na taxa global (7,0%) ao apresentar crescimento de 14,8% na comparação com abril de 2009. Já as variações para os primeiros quatro meses do ano e o acumulado dos últimos 12 meses ficaram, respectivamente, em 12,7% e 12,0%. A expansão da massa salarial e a diversificação na linha de produtos comercializados foram os principais fatores para o desempenho positivo.

 

O segmento de Combustíveis e lubrificantes, com alta de 5,0% no volume de vendas (abril 2010 / abril 2009), registrou a quinta maior contribuição para a taxa global do varejo. No acumulado entre janeiro e abril, sobre o mesmo período de 2009, o crescimento ficou em 5,4%; e nos últimos 12 meses, em 1,5%. Tal comportamento pode ser atribuído à alta de preços do álcool combustível (12,7% de alta nos últimos 12 meses no subitem Álcool, do item Combustível, do IPCA).

 

Outros artigos de uso pessoal e doméstico, com o sexto maior impacto na formação da taxa do varejo (5%), obteve alta de 5,6% no volume de vendas quando comparado a abril de 2009. A atividade também teve seu desempenho impulsionado pelo crescimento da massa salarial. O acumulado do quadrimestre a taxa ficou em 6,1% e nos últimos 12 meses em 7,7%.

 

O segmento de Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação foi responsável pelo sétimo maior impacto na taxa global, com alta de 5,9% no volume de vendas, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A taxa acumulada de janeiro a abril ficou em 23,2% e a dos últimos 12 meses em 12,4%. A atividade registra o maior crescimento em 2010, o que pode ser determinado pela redução de preço dos produtos do gênero1 e a crescente importância destes nos hábitos de consumo das famílias.

 

A atividade de Livros, jornais, revistas e papelaria, com crescimento de 8,7%, exerceu a oitava maior influência no resultado global. O volume de vendas acumulado no quadrimestre cresceu 8,4% e nos últimos 12 meses 9,1%. Com apenas uma variação negativa ao longo de 2009, o segmento cresce com o aumento da massa salarial e a diversificação da linha de produtos, como a venda de materiais de informática e de produtos de entretenimento.

 

Veículos, motos, partes e peças registrou expansão de 18,9% no volume de vendas em relação a abril de 2009, acumulando altas de 20,4% no quadrimestre e de 17,3% nos últimos 12 meses. O término da redução do IPI em março provocou a redução no crescimento da atividade, já que em março de 2010 a alta da atividade havia ficado em 32,7%.

 

Quanto a Material de construção, as variações ficaram em 19,3% (abril 2010 / abril 2009), 16,0% (acumulado janeiro-abril) e 1,2% (últimos 12 meses). Trata-se da sexta alta consecutiva, o que sinaliza a recuperação do setor – que registrou resultados negativos nos 10 primeiros meses de 2009. O aumento da confiança dos agentes econômicos e os incentivos governamentais (redução de IPI) podem explicar tal comportamento.

 

Todas UFs registram altas na comparação com abril de 2009

 

Todas as 27 Unidades da Federação registraram crescimento na comparação entre abril de 2010 e o mesmo mês do ano anterior. As principais altas foram verificadas em Tocantins (47,4%); Roraima (36,0%); Acre (27,8%); Maranhão (21,8%); Mato Grosso (20,2%) e Alagoas (18,7%). Já na composição da taxa geral do Comércio Varejista, as maiores contribuições vieram de São Paulo (9,1%); Rio de Janeiro (7,6%); Minas Gerais (8,5%); Rio Grande do Sul (6,3%); Bahia (9,2%) e Paraná (6,7%).

 

No varejo ampliado, os maiores desempenhos no volume de vendas ocorreram em Tocantins (35,7%); Maranhão (31,1%); Rondônia (29,1%); Espírito Santo (25,0%); Mato Grosso (22,1%) e Ceará (18,7%). Na composição do resultado global do setor, os destaques foram São Paulo (11,5%); Minas Gerais (15,3%); Rio de Janeiro (9,2%); Rio Grande do Sul (12,1%); Paraná (12,9%) e Espírito Santo (25,0%).

 

Os resultados com ajuste sazonal para volume de vendas apontam oito estados com variação positiva, na comparação abril 2010 /março 2010. São eles: Rondônia (3,5%); Acre (0,6%); Amazonas (0,6%); Roraima (1,2%); Amapá (0,4%); Maranhão (2,6%); Alagoas (3,6%) e Goiás (0,3%). Por outro lado, as principais quedas ocorreram em Espírito Santo (-5,3%); Paraná (-4,6%); Rio Grande do Norte (-4,5%); Paraíba (-4,5%) e Piauí (-4,4%).

 

Nota:

 

1 Segundo IPCA, o subitem Microcomputadores teve variação acumulada nos últimos 12 meses de -7,5%.

 

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.

 

 

* Ricardo Bergamini, Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul..  Site: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini

Como citar e referenciar este artigo:
BERGAMINI, Ricardo. Pesquisa Mensal de Comércio – Fonte IBGE – Base: Abril de 2010. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/economia/pesquisa-mensal-de-comercio-fonte-ibge-base-abril-de-2010/ Acesso em: 20 abr. 2024