Direito Internacional

Um caminhar liberalizante?

Um caminhar liberalizante?

 

 

Gilberto Barros Lima*

 

Num marcante ritmo de mudanças em Cuba, diversos aspectos merecem a análise mais aprofundada para que as amarras da ideologia não interfiram numa visão mais realista. Comumente o dualismo referente ao País cubano divide opiniões ao seu favor e contrariamente a sua maneira de condução política governamental, ou seja, conclui-se a existência de dois princípios básicos, favoráveis e opostos, classificados como o Bem e o Mal.

 

É impossível proferir um julgamento ou mesmo agir ao sabor das inclinações políticas e ideológicas, uma diferença sempre subsistirá contra o paradigma de qualquer conceito. A ruptura das velhas amarras dos governos ditatoriais tem sido resultado de um pomo de discórdia entre as astuciosas manobras do sistema capitalista, sobretudo, é razoável condenar alguns aspectos de Cuba quanto ao direito humanos, mas o mundo não deve desconsiderar os avanços sociais obtidos pela realidade socialista que serviram de esteio para a sociedade cubana.

 

Enfaticamente Cuba, através de seus líderes revolucionários, desde o princípio adquiriu notoriedade no cenário internacional, a roupagem revolucionária e a ideologia socialista promoveram o florescimento de uma nova política (modus vivendi) baseada nos princípios socialistas seguidamente aventado pela órbita de influência da ex-União Soviética. Na ânsia de consolidar o coroamento da sua monumental força de poder, Cuba se engajou num determinado período em diversas reformas de caráter socialista para afastar qualquer indício capitalista de seu território.

 

Em meio à tempestade da tradicional hostilidade proveniente dos fenômenos históricos, as transformações lastreadas pelos diversos aspectos políticos, econômicos e sociais fizeram com que o caráter doutrinário de Cuba sofresse o efeito imediato do desmoronamento da principal detentora do socialismo, a ex-União Soviética. O abalo profundo causado pelo final da bipolaridade, entre norte-americanos e soviéticos, desencadeou um reordenamento global, num esforço para atenuar a falta de recursos financeiros e militares, Cuba assumiu abruptamente uma nova postura com o intuito de assegurar a sobrevivência revolucionária de sua realidade socialista.

 

Ainda com respeito à mesma problemática que atingiu Cuba, a custa de pesados sacrifícios, Fidel Castro comandou o País ao longo do tempo rigidamente sustentado pelos sentimentos nacionalistas, mas com o efeito multiplicador oriundo da globalização, a posição dominante da sua liderança no governo cubano sofreu traumáticos acontecimentos e temidas conseqüências devido ao duradouro embargo econômico imposto pelos Estados Unidos e também pela ascensão meteórica do capitalismo frente ao debilitado socialismo.

 

Este penoso isolamento internacional forçado pelo domínio norte-americano eclodiu em Cuba um leque de problemas e dificuldades, somado ainda pelas iniciativas de confrontações contra o modo com que Fidel Castro conduziu a direção do País.

 

Nesse sentido, o mundo assistiu a debilidade física de Fidel Castro ameaçar a continuidade de sua liderança, aos poucos o desaparecimento visual de Castro enunciou diversos boatos, a luta pelo retorno ao governo de Cuba não foi possível a um líder envelhecido pelo tempo e não pelas idéias ainda lúcidas, evidentemente Fidel Castro nomeou o próprio irmão Raúl Castro para a continuação de seu governo.

 

Transcorrido o período de transição da liderança do governo cubano, rapidamente o planeta teceu inúmeros comentários, principalmente quando Raúl Castro anunciou a continuidade ideológica herdada de Fidel Castro, mas enfatizou que aos poucos, estaria introduzindo mudanças que primeiramente atendesse aos anseios da sociedade cubana. Sobretudo, o cotidiano e o futuro de Cuba ainda demonstra sinais de outras necessárias reformas, algumas de caráter de urgência e outras deverão ocorrer com o passar do tempo.

 

Dentre as mudanças ocorridas na política socioeconômica cubana após o afastamento de Fidel Castro, qualquer uma delas simbolizou o início de uma longa caminhada, para o olhar do mundo a diversidade de opiniões se dividem em fervorosos debates e centenas de analistas delimitam questões positivas e negativas quanto ao futuro de Cuba.

 

É inegável que o País cubano necessita urgentemente da continuidade de mudanças, deste modo, o atual comandante Raúl Castro não tardou na implementação de reformas básicas para o atendimento da sociedade, contudo o próprio governo cubano anunciou que a estrutura política de governo não sofrerá alterações que se confronte com a ideologia socialista.

 

A aceitação e aplicabilidade de algumas reformas indicam que Cuba abriu um olhar mais atento para o futuro, afinal os fenômenos sociais, políticos e culturais estão novamente configurando o planeta numa nova ótica dimensional.

 

Outra questão permanente, desconhecida e duvidosa, no tocante ao futuro político de Cuba elevou acentuadamente extraordinárias discrepâncias quanto às vindouras reformas para o País cubano. Em tais circunstâncias, a proliferação dos fenômenos políticos, econômicos e sociais obrigarão, não somente Cuba, mas a todos os países a acalentar a possibilidade de um destino ainda mais competitivo onde o isolamento olímpico de alguns velhos atores mundiais, decerto, não escapará de uma reformulação estrutural em sua vivência política.

 

Deste modo, Cuba viverá a realidade de um caminhar liberalizante? Simplesmente o mundo estará atento para presenciar o futuro cubano. 

 

 

* Gilberto Barros Lima – Bacharel em Relações Internacionais (IBES-SC) e Pós-graduando em Gestão de Negócios Internacionais (ICPG-Blumenau-SC). e-mail: gbarroslima@yahoo.com.br

 

 

 

 

Como citar e referenciar este artigo:
LIMA, Gilberto Barros. Um caminhar liberalizante?. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/direito-internacional/um-caminhar-liberalizante/ Acesso em: 19 abr. 2024